quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Socialismo X Anarquismo



O anarquismo e o socialismo divergiam sobre os rumos tomados pela revolução proletária.

Os movimentos de esquerda, mesmo tendo como principal foco a transformação social, não foram sinônimo de plena harmonia. Durante a ascensão dos movimentos contrários ao governo liberal e a economia capitalista, podemos observar bem essa diferença na cisão ideológica acontecida entre socialistas e anarquistas. Para ambas as facções a condução da experiência revolucionária deveria passar por diferentes etapas.

Os socialistas acreditavam que a instalação do comunismo deveria acontecer por meio da formulação de um novo Estado controlado por trabalhadores. Seria por meio da chamada Ditadura do Proletariado que as etapas do desenvolvimento social e econômico culminariam na eliminação desse governo e a adoção de um regime comunista. Contrário a esse “novo Estado necessário” os anarquistas promoviam uma diferente compreensão.

Na visão anarquista todo e qualquer governo tinha como fim último legitimar uma nova classe no poder e cercear as liberdades individuais. Por isso, a Ditadura do Proletariado era vista pelo ideal anarquista enquanto uma mera reprodução dos Estados Liberal-Burguês ou Absolutista. Dessa maneira, conforme salientou Rosa Luxemburgo a Vladimir Lênin, uma ditadura do proletariado poderia muito bem se transformar em uma ditadura sobre o proletariado. Em resposta, muitos socialistas passariam a considerar o anarquismo como uma corrente contra-revolucionária.

No entanto, os anarquistas levantavam a clara hipótese de que toda revolução em nome de “algo” ou “alguém” abre portas para um processo de exclusão. Na ótica anarquista, não se poderia colocar em condição suprema um determinado grupo mais capacitado à direção revolucionária. O estado de revolução deveria ser permanente, constante. Ao contrário de uma constituição oferecendo os direitos e os deveres, a população deveria se lançar à construção de associações libertárias onde o contrato social fosse permanentemente rediscutido.

Dessa maneira, o pensamento anarquista possuía uma clara diferença à tônica socialista. Para os últimos, a revolução se dava com a tomada do Estado. Já os anarquistas queriam o fim do mesmo e, por isso, alertavam que um Estado socialista seria o início de um governo que não conseguiria abolir o autoritarismo de uma ditadura renomeada. A maior constatação empírica dessa crítica viria a acontecer com a experiência da Revolução Russa.

Muitos anarquistas desconhecidos deram apoio à transformação consolidada ao longo do ano de 1917. No entanto, a sua fidelidade ideológica aos textos de Bakunin, Kropotkin e Proudhon os transformou em inimigos da revolução bolchevique. Por fim, muitos foram mortos, exilados ou condenados aos campos de concentração. Essa seria uma prova da crítica anarquista ou uma contingência histórica? A possível resposta dessa pergunta seria um chamamento a novas discussões.

Socialismo Utópico



Fourier: cooperação e prazer como meios de construção de uma sociedade mais justa.

No século XIX, diferentes pensadores tentaram refletir sobre os problemas causados pelas sociedades capitalistas em desenvolvimento. Ainda fortemente calcados nas idéias do pensamento iluminista, esses pensadores continuaram a buscar no racionalismo a saída para as contradições geradas no interior do pensamento capitalista. No entanto, esses não faziam uma crítica radical ao capitalismo, pois ainda defendiam a manutenção de suas práticas mais elementares.

Chamados de socialistas utópicos, esses pensadores deram os primeiros passos no desenvolvimento das teorias socialistas. Os seus principais representantes são Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier. Entre eles, podemos perceber claramente a construção de uma sociedade ideal, onde se defendia a possibilidade de criação de uma organização onde as classes sociais vivessem em harmonia ao buscarem interesses comuns que estivessem acima da exploração ou da busca incessante pelo lucro.

O industriário britânico Robert Owen acreditava que o caráter humano era fruto das condições do local em que ele se formava. Por isso, defendeu que a adoção de práticas sociais que primassem pela felicidade, harmonia e cooperação poderiam superar os problemas causados pela economia capitalista. Seguindo seus próprios princípios, Owen reduziu a jornada de trabalho de seus operários e defendeu a melhoria de suas condições de moradia e educação.

Charles Fourier criticou ferrenhamente a sociedade burguesa. Em seus escritos, defendeu uma sociedade sustentada por ações cooperativas. Nelas, o talento e o prazer individual possibilitariam uma sociedade mais próspera. A sociedade burguesa, marcada pela repetição e a especialidade do trabalho operário, estava contra este tipo de sociedade ideal. Além disso, Fourier era favorável ao fim das distinções que diferenciavam os papéis assumidos entre homens e mulheres.

Por meio do cooperativismo, do prazer e das liberdades de escolha a sociedade iria criar condições para o alcance do socialismo. Nesse estágio, a comunhão entre os indivíduos seria vivida de maneira plena. Sem almejar a distinção ou a disputa, as famílias de trabalhadores viveriam nos falanstérios, edifícios abrigados por 1800 pessoas vivendo em plena alegria e cooperação.

Saint-Simon ( Foto a esquerda ), acreditava que uma sociedade dividia-se entre os produtores e ociosos. Por isso, defendeu outra sociedade onde a oposição entre operários e industriais deveria ser reconfigurada. Para isso, ele pregava a manutenção dos privilégios e do lucro dos industriais, desde que os mesmos assumissem os impactos sociais causados pela prosperidade. Dessa forma, ele acreditava que no cumprimento da sua responsabilidade social, o industriário poderia equilibrar os interesses sociais.

Levantando determinados pressupostos, os socialistas utópicos sofreram a crítica dos socialistas científicos. Para os últimos, o socialismo utópico projetava uma sociedade sem antes devidamente avaliar as condições mais enraizadas que constituíam o capitalismo. Com isso, os socialistas ambicionavam definir a natureza do homem e, a partir disso, indicar o caminho entre a harmonia e os interesses individuais.

O Socialismo



Marx e Engels: o início de uma nova etapa no pensamento socialista.

No final da primeira metade do século XIX, diversos movimentos contra as monarquias nacionais contaram com a participação do operariado de diferentes países. Por meio da derrubada desses regimes absolutistas, a figura do trabalhador representava as contradições e os anseios de um grupo social subordinado ao interesse daqueles que concentravam extenso poder econômico em mãos. Foi nesse período em que novas doutrinas socialistas ofereceram uma nova perspectiva sobre a sociedade capitalista e a condição do trabalhador contemporâneo.

Lançando a obra “Manifesto Comunista”, Karl Marx e Friedrich Engels inauguraram um conceito fundado na idéia de que, ao longo da História, as sociedades foram marcadas pelo conflito de classes. Dessa maneira, a sociedade industrial dividia-se em dois grupos principais: de um lado a burguesia, detentora dos meios de produção (máquinas, fábricas e terras); e do outro o proletariado, que vendia sua força de trabalho ao burguês em troca de um salário que o sustentasse.

Na perspectiva desses pensadores, a oposição de interesses dessas classes representava um tipo de antagonismo que, ao longo da trajetória das civilizações, configurou-se de diferentes formas. Essa luta de classes era originada pelas condições em que as riquezas eram distribuídas entre os homens. Essas formas de distribuição formavam a teoria do materialismo histórico que, em suma, defendia que as maneiras de pensar e agir eram determinadas pelas condições materiais de uma sociedade.

No caso da sociedade capitalista, os operários viviam em constante situação penosa, pois a burguesia organizava meios para que os trabalhadores permanecessem em uma situação excludente. Por meio da teoria da mais-valia, Marx e Engels, demonstraram que os trabalhadores não recebiam um pagamento equivalente ao valor das riquezas por eles produzido. Isso seria possível devido o monopólio dos bens de produção exercido pela burguesia e pela alienação dos trabalhadores que, por meio da especialização de seu trabalho, não sabiam ao certo o valor da riqueza que produziam.

Mesmo assinalando todas as desigualdades e problemas do mundo capitalista, a teoria marxista propôs uma solução a essa situação injusta. Estudando as transformações da história, o marxismo percebeu uma relação dialética (transformadora) entre os homens. A partir daí, a instabilidade do mundo capitalista e a piora das condições do proletário abriu portas para o surgimento de idéias novas e contrárias à realidade vigente. Os trabalhadores tomaram consciência de sua situação e, por conseguinte, buscaram meios para que as diferenças que os afastavam da burguesia fossem de alguma forma superadas.

Segundo o marxismo, a luta dos trabalhadores deveria mover-se em direção da tomada do poder político. Assumindo as instituições políticas, a chamada ditadura do proletariado deveria extinguir as condições de privilégio e dominação criadas pela burguesia. Instituindo um governo socialista, as desigualdades e as classes sociais deveriam ser abolidas. Os meios de produção deveriam ficar nas mãos do Estado e toda riqueza deveria ser igualitariamente dividia.

Com isso, as distinções entre os homens perderiam o seu espaço. A propriedade privada, as classes sociais e, por fim, o Estado finalmente desapareceriam. A ditadura do proletariado não seria mais necessária, pois a sociedade comunista não veria sentido em nenhuma forma de poder instituído. Os indivíduos alcançariam a felicidade exercendo o trabalho que melhor lhe conviesse e, por ele, receberiam um salário capaz de prover o seu sustento.

Antevendo a reprodução e internacionalização de todas as mazelas do mundo capitalista, Marx defendeu a imediata união dos trabalhadores rumo ao conjunto de transformações necessárias para o início dessa revolução. Por isso, enxergou na união do proletariado o mais poderoso instrumento pelo qual, finalmente, as desigualdades do capitalismo pudessem ser superadas. É por isso que, a mais célebre frase do Manifesto Comunista profere: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”.

Com o legado científico deixado por Marx e Engels, o socialismo passou a configurar uma nova forma de enxergar a condição do homem e sua história. Por meio de suas propostas, novos movimentos e pensadores deram continuidade ao desenvolvimento de diversas teorias de influência marxista. Ainda hoje, podemos nos deparar com partidos e movimentos que lutam, cada um a seu modo, pelas idéias um dia elaboradas por esses dois teóricos.

História do Socialismo

A revolução industrial iniciada na Grã-Bretanha, no século XVIII, estabeleceu um tipo de sociedade dividida em duas classes sobre as quais se sustentava o sistema capitalista: a burguesia (empresariado), e o proletariado (trabalhadores assalariados). A burguesia, formada pelos proprietários dos meios de produção, conquistou o poder político na França, com a revolução de 1789, e depois em vários países. Nessa ocasião o modelo capitalista se afirmou ideologicamente com base nos princípios do liberalismo: liberdade econômica, propriedade privada e igualdade perante a lei. A grande massa da população proletária, no entanto, permaneceu inicialmente excluída do cenário político. Logo ficou claro que a igualdade jurídica não era suficiente para equilibrar uma situação de desigualdade econômica e social, na qual uma classe reduzida, a burguesia, possuía os meios de produção enquanto a maioria da população não conseguia prosperar. Aí então surgiram as idéias socialistas.

Um dos primeiros precursores do socialismo utópico (socialismo, na prática, insustentável) foi o revolucionário francês François-Noël Babeuf(Foto), que, inspirado nas idéias de Jean-Jacques Rousseau, tentou em 1796 subverter a nova ordem econômica (“burguesa”) por meio de um levante popular. Foi preso e condenado à morte na guilhotina.

A crescente degradação das condições de vida da classe operária motivou o surgimento dos diversos teóricos do chamado socialismo utópico, alguns dos quais tentaram, sem sucesso, criar comunidades e unidades econômicas baseadas em princípios socialistas de inspiração humanitária e religiosa (católica principalmente).

Outro teórico francês importante foi François-Marie-Charles Fourier, que tentou acabar com a coerção, a exploração e a monotonia do trabalho por meio da criação de falanstérios, pequenas comunidades igualitárias que não chegaram a prosperar. Da mesma forma, fracassaram as comunidades fundadas pelo socialista escocês Robert Owen.

O Surgimento do Anarquismo


O anarquismo foi um movimento que surgiu na mesma época em que emergiu o socialismo de Marx e Engels, tendo em Pierre-Joseph Proudhon(Foto) um de seus primeiros teóricos,autor do livro “Que é a propriedade?”, de 1840. A primeira base da teoria anarquista é o fim da propriedade privada, pois segundo o próprio Proudhon, a propriedade era o suicídio da sociedade.

O segundo termo fundamental da teoria é o fim do Estado, já que existe a crença de que o Estado é nocivo e desnecessário para a sociedade, favorecendo exclusivamente as classes dominantes – no caso da época, a burguesia. A terceira característica do anarquismo é a crença na liberdade e ordem obtida de forma espontânea, sem a intervenção do Estado através de leis.

Para os anarquistas, deveria haver uma sociedade sem Estado, equilibrada na ordem, na liberdade de forma voluntária e na autodisciplina. No caso, o Estado seria uma abstração, uma ficção, uma mentira, que defendia apenas as classes mais altas e deveria ser extinto. Entretanto, os anarquistas são a favor de uma forma de organização voluntária, sendo que os seres humanos deveriam ter a liberdade espontânea sem ter que seguir diretrizes partidárias.

Assim, a própria comunidade deveria se reunir para tomar decisões de seu interesse, desenvolvendo a responsabilidade pelo seu grupo social, independentemente do Estado e das leis, pois as instituições sociais de caráter autoritário impediam que o ser humano desenvolvesse uma perspectiva cooperativa.

Anarquismo

Movimento político que defende uma organização social baseada em consensos e na cooperação de indivíduos livres e autónomos, mas onde à partida sejam abolidas entre eles todas as formas de poder. A Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, dado que os indivíduos de uma dada sociedade, se auto-organizariam de tal forma que garantiriam que todos teriam em todas as circunstâncias a mesma capacidade de decisão. Esta sociedade, objecto de inúmeras configurações, apresenta-se como uma "Utopia" (algo sem tempo ou espaço determinado). É um ideal a atingir.

As origens do anarquismo, entroncam directamente na concepção individualista dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre individuos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.

A intervenção política dos anarquistas, pouco inclinados à constituição de grandes organizações, embora muito dispersa tem historicamente se centrado a sua luta na defesa de seis ideias:

1. Direitos Fundamentais dos Indivíduos. Os anarquistas, como os liberais foram os primeiros retirar das ideias de John Locke( Foto ) profundas implicações politicas. Em primeiro lugar a ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Em segundo, a ideia de que todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.

2. Acção Directa. Recusando por princípio o sistema de representação, os anarquistas afirmam o valor da acção directa do indivíduo na realidade social. Este conceito foi interpretado no final do século XIX/princípios do século XX, por alguns anarquistas, como uma forma de actuação política, cometendo assassinatos de figuras políticas que diziam simbolizarem tudo aquilo que reprovavam ( a célebre propaganda por factos).

3. Crítica dos Preconceitos Ideológicos e Morais. Uma das suas facetas mais conhecidas pela sua crítica irreverente à sociedade. Com a sua crítica demolidora dos preconceitos sociais pretendem destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.

4. Educação Libertária. Os anarquistas viram na educação um processo de emancipação dos indivíduos, acreditando que por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.

5. Auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas não recusa a constituição de organizações. Estas devem contudo ser o resultado de uma acção consciente e voluntária dos seus membros, mantendo entre eles uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc). É por esta razão que tendem desconfiar ou combater, as grandes organizações porque nelas a maioria dos indivíduos tendem a ser afastados dos processos de decisão. Os anarquistas estão desde o século XIX ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confederações, etc), ateneus, colónias e experiências auto-gestionárias. Em todas estas formas de organização procuram em pequena ou grande escala ensaiar a sociedade que preconizam.

6. Sociedade Global. Um dos seus grandes ideais foi sempre a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países. É neste sentido que alguns anarquistas, como P. Kropotkin, viram no desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação um meio que poderia conduzir ao advento da Anarquia.

A defesa destas ideias tem caracterizado o movimento anarquista internacional, ao

sábado, 15 de novembro de 2008

Correntes do Anarquismo

Acompanhando toda a história da humanidade, nos deparamos com uma série de práticas anárquicas na cultura dos povos e dos movimentos de libertação contra reis, imperadores, senhores, patrões e demais arautos da opressão. O Anarquismo enquanto sistema de pensamento e de ação passou por diferentes experiências através dos tempos. As diversas correntes históricas hoje apresentam-se muito mais como tendências dentro do Anarquismo. O Anarquismo Revolucionário se tornou a corrente majoritária do Movimento Anarquista Internacional em fins do século XIX, e envolveu principalmente coletivistas, sindicalistas e comunistas libertários. É essencial ressaltar que a série que se segue não é nenhuma linha evolutiva, mas marca apenas o surgimento de formas mais sistematizadas do Anarquismo no que costuma-se chamar de civilização, ou seja, no berço da resistência às sociedades mais tirânicas, e que, de alguma forma, todos os valores presentes nessas diferentes correntes estão entranhados na própria história das aspirações e relações humanas desde tempos remotos.

O Anarquismo filosófico - Lança o sistema de valores de uma sociedade livre e igualitária, sem governantes e governados, opressores e oprimidos, exploradores e explorados. Surge desde a antigüidade da China até a Grécia.

O Anarquismo individualista - Observa a sociedade como a soma de um conjunto de seres indivíduos, e não como um organismo personificado e alheio que os absorve ao tomar vida própria. As responsabilidades sociais de cada sujeito devem se dar, portanto, em relação a outros indivíduos, e não com uma sociedade abstrata, o Estado. Surge na Inglaterra e na França, desde fins do século XVIII.

O Anarquismo mutualista - A primeira organização prática com bases Anarquistas surge a partir da corrente mutualista, no continente europeu do século XIX. O mutualismo está baseado no associativismo e no cooperativismo, ou seja, na associação de indivíduos livres que apoiam-se mutuamente para garantir as condições de produção sem exploração. Os meios de produção podem permanecer sendo utilizados de forma individual, mas o produto final pertence a quem trabalhou nele diretamente, portanto não permitindo o seu usufruto pelas classes parasitas.

O Anarquismo federalista - Desdobramento da organização anarquista e do apoio mútuo em uma geografia mais ampla, prevê a formação de redes de relações igualitárias e solidárias entre as diferentes associações de indivíduos. Uma federação de cooperativas, uma federação de profissionais ou uma federação de associações de bairro ou municípios estão entre muitas das alternativas de uma organização federativa. É uma forma de organização política e econômica da sociedade libertária em maior escala. Surge no mesmo periodo.

O Anarquismo coletivista - Prega a necessidade de expropriação revolucionária imediata de toda a propriedade excludente pelos trabalhadores para reorganizar a sociedade e a produção com bases libertárias. Todos os instrumentos de trabalho devem ser coletivizados. Está na origem do Movimento Anarquista Histórico. Surge na segunda metade do século XIX, dentro da Primeira Internacional. Defende a luta de classes para promover a revolução social, o fim das classes, e que a mesma deve, e só pode ser feita sob o controle direto dos próprios trabalhadores, sem qualquer forma de controle Estatal.

O Anarquismo comunista - Reivindica a abolição de todo sistema de salários e preços, e o controle de toda a economia pela comuna popular. Tanto os meios de produção quanto os próprios bens produzidos, devem ser propriedade comum. Surge com bastante força em fins do século XIX e o princípio adotado é "de cada um conforme as suas capacidades, e a cada um conforme as suas necessidades". O fundamento teórico para a comunhão total dos bens é a de que todo trabalho é social, e de que os instrumentos com que se produz e a terra cultivada em que se colhe a vida são o resultado do trabalho humano em milênios e grande obra da natureza desde tempos remotos, e portanto, pertencem não a um homem ou mulher, mas à Terra e a toda a humanidade. Foi carro chefe das experiências mais revolucionários da história contemporânea, principalmente na Ucrânia e na Espanha.

O Anarquismo sindicalista - Encontra no Sindicalismo Revolucionário uma forma dos trabalhadores assumirem o controle direto da revolução social e sobre a produção. Surge na França, da cisão dos sindicatos revolucionários com os sindicatos reformistas, na última década do século XIX. Impulsiona o Movimento Operário Internacional, com forte presença em quase todos os países da Europa, da América e da Oceania, além de organizar fortemente a luta operária em outros continentes. Representa o auge do movimento operário combativo em todo o mundo.